Esse blog é uma homenagem às minhas avós, às avós do meu filho e a todas as mulheres que tem a doce experiência de serem avós. Acredito que no âmbito familiar poucas coisas são tão saudáveis quanto o estar na casa da vovó, desfutar de sua companhia, de seus quitutes e fazer descobertas diárias sobre o mistério que envolve a distãncia entre as coisas do tempo da vovó e a nossa vida cotidiana, principalmente quando somos crianças.

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quinta-feira, 31 de março de 2011

Apenas uma lousa

imagens emule/google

Ela tirou de dentro do baú. Todos nós vimos, mas ninguém falou nada. Pensamos apenas que escolheria uma de nós para presentear com aquela miniatura de quadro-negro. Sim, para nós, à primeira vista, o objeto não passava de uma miniatura de quadro negro, certamente feito para crianças brincarem de escolinha.
Limpou toda a poeira que havia se assentado nele, há anos dentro do baú. Depois pegou uma pontinha de pedra bem afiada e escreveu seu nome. Não gostou da caligrafia e apagou com um pedaço de tecido bem grosso. Escreveu de novo. Desta vez aprovou a escrita com um sorriso nos lábios. Em seguida olhou para nós como se estivesse admirada com o nosso silêncio. Disse:
- É a lousa do meu tempo de menina de grupo escolar.
Perguntei-lhe:
- A professora escrevia num quadro desse tamanhinho?
Com um novo sorriso vovó respondeu-me:
- Não, esse era meu. Cada aluno tinha a sua lousa para copiar o que a mestra passava na lousa da parede.
Fiquei em silêncio e, trocando olhares com os outros... Como poderia? Escrever e apagar? E como faziam para estudar em casa? 
Vovó parece ter  lido meu pensamento e logo explicou:
- Naquele tempo não havia cadernos e nem livros para alunos pobres. A mestra ensinava e, quem não decorasse a lição, ia envelhecendo no banco da escola...

2 comentários:

Flavinha Gomes disse...

Ana, adorei seu blog. De coração. Honestamente, esta história me encheu os olhos. Sou professora. Bjka

chica disse...

Impressionante isso.Linda recordação!beijos,ótimo fds!chica